terça-feira, 18 de junho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
É MINHA OPINIÃO
Algumas frases têm uma força incrível. A pessoa discorre com vigor sobre um assunto e, antes que alguém consiga fazer com que ela saia por baixo na conversa, estufa o peito e declara com uma convicção ainda mais admirável, como Moisés falando diante do povo de Israel no deserto:
É MINHA OPINIÃO!
Pronto, acabou tudo. Não há mais nada que ser feito. Quando o grande Moisés fala, o Mar Vermelho abre e fim de papo.
Já disseram que isso é inatacável, que essa é a citação do novo milênio. Até o clássico não estou nem aí para você, que teve seus dias de glória, está perdendo pontos. Empinar o queixo, bater no peito e dizer todo estufado é minha opinião não se resume mais à atitude de apenas um desabafo, é uma declaração política, a evocação do direito de ser protegido pela sacratíssima Constituição.
Até que seria bom… desde que não usassem esse direito para QUALQUER besteira.
É válido ter a própria opinião, seja qual for e isso não pode ser vetado. Quantos se perguntaram sobre as implicações do ABUSO a que essa ideia está sujeita? Quantas guerras, tragédias e mortes já aconteceram por causa disso? Ainda que grande parte das desgraças deste pobre mundo tenham se devido a esse mandamento, felizmente, a esperança ainda sobrevive. Esperança de um despertar de bom senso, de um estalo de sabedoria. De algo que diga em som alto e claro: Ei, essa ideia já trouxe MUITO problema, desse jeito!
Não há nenhum movimento político, econômico, filosófico, artístico ou ideológico por trás disso, as instituições não têm tanto poder assim… não para incutir ideias de uma forma tão profunda e avassaladora na essência da Humanidade, e tão resistente a ser eliminada ou mesmo modificada. É um princípio tão entranhado que chega a parecer genético, algo do Inconsciente Coletivo do Homem. E que aspecto humano tem tanta similaridade com essa constância? O orgulho.
A opinião própria é o rosto da vaidade intelectual. Assim como um corpo esbelto e simétrico é desejável, saber que os outros se submetem ao que dizemos é o prazer da Mente. Bem poucos (mas raríssimos MESMO) conseguem perceber e se livrar disso, cuidando antes de declarar o que tem coerência, que aquilo que pensam ser certo… apenas porque têm o direito de pensar o que querem.
Não se trata de proibir a liberdade. Não se trata de cortar as ideias alheias. Tudo se resolve com um pequeno exercício de sensatez. O fato de ter a opinião não significa de forma infalível e imediata que ela VALE ou deve ser SEGUIDA… e, muitas vezes, sequer que ela merece ser MENCIONADA. Simplesmente qualquer um pode ter uma opinião tremendamente errada e/ou nociva. E qualquer um faz isso O TEMPO INTEIRO. Qual opinião? Nem precisamos ir muito longe para encontrar:
Não houve tortura na Ditadura…
Homossexuais não devem ter direitos…
Mulheres não devem votar…
O Apartheid estava certo…
O Nazismo estava certo…
O Holocausto não existiu…
Terrorismo é válido, dependendo da situação.
E muitas outras…. essas foram as primeiras que apareceram.
Ah, mas isso também é radicalismo demais. Quem vai votar no retorno de uma perseguição nazista?
Bem, felizmente, as pessoas de bom senso esperam que nunca mais isso se repita. Mas o que se procura mostrar aqui é: A Constituição e a Declaração Universal dos Direitos Humanos defendem o direito à expressão. E realmente é assim, mas lamentavelmente os redatores não colocaram um adendo alertando sobre a vinda inevitável da falta de sabedoria e bom gosto. Talvez não tenha sido culpa deles, afinal… deveriam ter pensado, na época, algo assim: Quem seria tão IDIOTA para ignorar isso?
Ironicamente, a defesa dessa liberdade sedimentou a base para os abusos. Que excelente seria, se ao menos a Declaração trouxesse um alerta a respeito disso, uma nota aconselhando a se expressar o que fosse apenas de válida relevância…
Qual a razão? Talvez tenham esperado demais do Ser Humano. Talvez tenham concordado que seria desnecessário explicar as normas tão óbvias. Quem poderia ser tão estúpido, afinal?
Infelizmente, erraram. Nesse mundo, existem indivíduos de capacidade notável, mas quando nos referimos às virtudes das massas, a escala muda. E as massas não são famosas por pensarem bem, o bom senso se dilui na multidão até quase à nulidade.
Quem pensou nos Direitos Humanos confiou demais na sabedoria do povo, subestimou o talento formidável do ser humano em NÃO USAR a própria inteligência. Por causa do abuso dos famosos Direitos Universais, já se disse que a Declaração nada mais foi que a maior PIADA da História…
Professor Júlio (Andarilho)
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sábado, 8 de junho de 2013
terça-feira, 4 de junho de 2013
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